
28 Set Pandemia tirou 840 mil milhões de euros ao turismo mundial
Ao fim de pouco mais de um ano e meio de pandemia, o turismo permanece muito aquém dos níveis que se registavam em 2019. Aos poucos, o setor vai dando sinais de retoma, mas esta é desigual entre os vários destinos. Portugal ficou mal na fotografia até maio deste ano.
Menos mil milhões de chegadas internacionais, 840 mil milhões de euros de receitas turísticas perdidas, 120 milhões de postos de trabalho que deixaram de existir. Em pouco mais de um ano e meio, a pandemia virou do avesso o turismo mundial. Os números impressionam pela dimensão, mas, pouco a pouco, o setor dá sinais de estar a recuperar, embora com ritmos diferentes. Portugal – que, antes da pandemia, começava a afirmar-se como um dos principais destinos turísticos do mundo – ficou, até maio deste ano, entre aqueles em que a retoma foi mais lenta.
Os dados são disponibilizados pela Organização Mundial do Turismo (OMT) e permitem traçar um retrato claro do impacto que a covid-19 teve sobre o turismo. Em 2019, a OMT dava conta de 1.466 milhões de chegadas turísticas internacionais em todo o mundo. Nessa altura, esta indústria empregava, só em postos de trabalho diretos, mais de 170 milhões de pessoas por todo o mundo, enquanto as receitas turísticas mundiais ultrapassavam 1,3 biliões de euros.
Os números derraparam para mínimos históricos no ano zero da pandemia. Em 2020, o turismo mundial fechou o ano com 399 milhões de chegadas internacionais e 468 mil milhões de euros de receitas turísticas – foram 841 mil milhões de euros que se perderam. A nível laboral, o impacto foi ainda mais drástico: perderam-se, de acordo com os cálculos da OMT, 120 milhões de postos de trabalho diretos, um número que será significativamente superior se forem considerados, também, os empregos indiretos. Este ano, a contração começa a ser menos acentuada do que em 2020, mas a atividade turística continua a estar muito aquém dos níveis de 2019. Entre janeiro e maio de 2021, último período para o qual a OMT já tem dados disponíveis, registaram-se 77 milhões de chegadas turísticas internacionais, número que corresponde a quebras de cerca de 65% face a igual período do ano passado e de 85% em relação a 2019. Quanto às receitas turísticas, nestes cinco meses, as quedas variam entre 50% e 90% nos destinos analisados pela OMT.
Portugal é o sexto país mais atrasado na retoma
Até maio deste ano, o país não sai bem na fotografia. Apesar de o turismo interno estar a puxar pelo setor nacional este ano, a retoma do turismo internacional (que, em 2019, respondia por 70% das dormidas em alojamentos turísticos em Portugal) está atrasada face aos restantes destinos europeus.
Depois de ter contabilizado 24,6 milhões de chegadas internacionais em 2019, Portugal foi o destino de apenas 6,5 milhões de viajantes internacionais em 2020. Já entre janeiro e maio deste ano, as chegadas internacionais a Portugal estão 87,8% abaixo dos níveis de 2020 e 93,9% abaixo de igual período de 2019 (para este período de cinco meses, a OMT disponibiliza apenas a variação percentual das chegadas internacionais e não o número total deste indicador).
Seja como for, as quedas apresentadas por Portugal estão entre as mais acentuadas da Europa. A quebra de 87,8% relativamente aos primeiros cinco meses do ano é a sexta mais expressiva entre os países europeus, só ultrapassada por Dinamarca, Áustria, República Checa, Eslováquia e Israel. E a redução de 93,9% face aos níveis de 2019 é a sétima mais acentuada da Europa. Só Islândia, Áustria, República Checa, Eslováquia, Itália e Eslovénia estão pior do que Portugal.
No que diz respeito às receitas turísticas, por outro lado, Portugal sofre um impacto menos acentuado do que grande parte dos países europeus, o que significa que os turistas internacionais que vêm a Portugal gastam mais do que aqueles que vão a vários dos destinos concorrentes. No acumulado de janeiro a maio deste ano, a OMT dá conta de que as receitas turísticas em Portugal caem 57% relativamente a 2020 e 72% face a 2019. Como termo de comparação, neste período, as receitas turísticas em Espanha registam quedas de 80% e de 90%, respetivamente, em relação a 2020 e a 2019.
No verão, contudo, há sinais de uma recuperação mais acelerada. Entre janeiro e julho, de acordo com os dados do Banco de Portugal, as receitas turísticas totalizam 3.550 milhões de euros, uma queda de 12% face a 2020 e de 63% em relação ao ano anterior.
27/09/2021
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