Pode a Inflação Influenciar uma Fusão ou Aquisição?

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Pode a Inflação Influenciar uma Fusão ou Aquisição?

Para os Baby Boomers, as cicatrizes que sentem dos dias de elevadas taxas de juro continuam a ser tão dolorosas que é fácil ver porque é que alguns políticos e financeiros de cabelo grisalho mostram um ainda silencioso alarme perante a possibilidade de a economia mundial sobreaquecer à medida que emerge da pandemia.

No terreno, o cobre a atinge recordes históricos e a subir 97% num ano no mercado de futuros, enquanto a madeira salta 283%, o milho 105%, o crude 104% e a energia mais de 300%, colocando as empresas sob pressão ao nível das margens de rentabilidade, incapazes de refletir tudo isto no consumidor nesta fase, a par da falta de componentes.

Vejamos então a forma como a inflação pode influenciar uma fusão ou aquisição.

  1. O preço pago é tipicamente baseado no valor atual dos lucros futuros que o comprador pode esperar receber da empresa adquirida. Uma inflação imprevista reduz o valor real (ou seja, ajustado à inflação) dos valores futuros recebidos. Tipicamente os investidores irão querer garantir que tal não aconteça, introduzindo condições variáveis ao preço a pagar (earnouts), e as próprias projeções terão de garantir um modelo de negócio que propicie uma subida dos resultados líquidos superiores à inflação.
  2. A inflação também pode afetar um negócio devido à forma como um aumento dos custos dos empréstimos pelos Bancos Centrais acabaria por influenciar as taxas de juro, secando a liquidez excessiva que existe atualmente no mercado para alavancar aquisições ou aumentos de capital. Simultaneamente as empresas confrontam-se com custos maiores no financiamento de projetos de investimento, colocando assim em causa as projeções de crescimento.

O gráfico abaixo mostra que até cerca de 2015 na UE tem havido uma relação constante entre as taxas de juro e a inflação.

Desde então, o BCE mostrou-se relutante em aumentar a taxa de juro devido a receios de um crescimento mais lento. A taxa baixa foi obviamente mantida baixa durante a pandemia, para que governos e empresas pudessem sobreviver. Agora a inflação está a explodir e mais cedo ou mais tarde as taxas de juro irão aumentar, diminuindo as avaliações das empresas.

Na nossa perspetiva, para quem pondera um processo de venda, o momento é agora. Pois pode não haver um ambiente económico tão favorável durante pelo menos os próximos 10 anos.

De tudo isto se pode concluir que a inflação é relevante em negócios, principalmente quando a taxa de inflação é elevada e a duração do período de inflação é a longo prazo. Ainda não chegámos a esse ponto – na realidade, estamos apenas no ponto em que as pessoas estão a ficar nervosas com o que pode acontecer. Esse nervosismo pode começar a ser uma questão nas negociações em curso.

João Freitas, Diretor HMBO

 

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