Fusões e Aquisições em Portugal Subiram 15% num Ano

Fusões e Aquisições em Portugal

Fusões e Aquisições em Portugal Subiram 15% num Ano

Qual o volume de operações durante a pandemia? Quais os setores mais ativos do mercado? Como se comportou o investimento estrangeiro? Abreu e TTR explicam mercado de M&A.

 

Apesar da queda do volume de negócios, o valor total de operações de fusões e aquisições (M&A) em Portugal subiu 15% entre abril de 2020 e março de 2021. A injeção de recursos na economia (com o PRR) deverá conduzir a um maior investimento público, trazendo oportunidades para as empresas de setores emergentes, como infraestruturas, agricultura e farmacêutico. Mas, o private equity vai desempenhar um papel fundamental na procura de vantagens em áreas como energia, renováveis ​​e empresas tecnológicas na liderança.

Estas são algumas das conclusões do relatório “Portugal M&A: MovingForwardAfterCovid-19” — que estará oficialmente disponível na segunda-feira — realizado pela Abreu Advogados, em parceria com o TTR (Transactional Track Record). A base de estudo foram as transações em diversos setores e indústrias, em valor e quantidade, entre abril de 2020 e março de 2021, com vista a identificar a tendência em diversos setores da economia portuguesa em 2022.

“Os dados deste relatório retratam a resposta dos setores mais fortes da economia nacional ao longo do primeiro ano de pandemia e revelam novas mudanças operacionais destinadas a responder às necessidades dos mercados em rápida transformação, em setores como energia, imobiliário, financeiro e seguros e tecnologia“, pode ler-se no documento, a que o ECO/Advocatus teve acesso.

À beira de “colher os benefícios do Plano de Resiliência e Recuperação (PRR), Portugal deverá ser capaz de retomar a sua trajetória de crescimento. Com o objetivo de contribuir para uma recuperação rápida da atividade económica, a “bazuca” será a fonte de uma injeção massiva de recursos na economia que deverá levar a maiores investimentos públicos que, espera-se, tragam benefícios para o setor privado”, segundo o mesmo documento. No entanto, à medida que avança o abrandamento gradual das medidas de contenção, “é ainda inegável que o ambiente de incerteza possa continuar a travar muitas operações de M&A. Em breve, Portugal terá uma tábua de salvação financeira e as empresas têm aqui a oportunidade de inovar, crescer e expandir-se”.

Principais conclusões do relatório

 

  • Vamos encontrar o setor da energia e cada vez mais as renováveis ​​e empresas tecnológicas na liderança; com o private equity a desempenhar um papel fundamental na procura de vantagens de tamanho e escala para empresas de diversos setores;
  • O setor das Tecnologias e Telecomunicações registou um acréscimo de 40% no valor do negócio;
  • Portugal acompanhou a tendência de retoma das fusões e aquisições após o Outono de 2020;
  • As oportunidades de desenvolvimento de processos de fusões e aquisições deverão resultar da concretização de decisões de investimento adiadas, de operações de fusão e capitalização destinadas a estabelecer empresas mais sustentáveis e competitivas para enfrentar os novos choques e ainda de processos de restruturação;
  • Espera-se que os setores mais fortes se mantenham no domínio, em volume e quantidade de transações: energia, financeiro e seguros, imobiliário e construções e tecnologia e telecomunicações;
  • Considerando que Portugal irá em breve começar a colher os benefícios do Plano de Recuperação e Resiliência de 16 mil milhões, deverão surgir oportunidades para as empresas de setores emergentes, como infraestruturas, agricultura e farmacêutico;
  • A pandemia fez com que a atratividade do Investimento Direto Estrangeiro diminuísse 13%, face a 2019. Contudo, em 2020, Portugal entrou no top 10 dos países europeus mais atrativos para esse investimento (ver quadro em baixo);
  • Mesmo com o otimismo declarado, há riscos que terão de ser considerados, e não apenas devido a possíveis retrocessos no Plano de Contingência e Gestão de Crises na Pandemia;
  • De acordo com a próxima atualização das previsões económicas da OCDE, publicada em 1 de dezembro de 2021, o PIB deverá aumentar 3,7% em 2021 e 4,9% em 2022;
  • Durante abril de 2020 e março de 2021, as operações no setor imobiliário em Portugal caíram 56% — de 52 operações registadas em 2019 o período aqui considerado registou apenas 23;
  • Entre abril de 2020 e março de 2021, o setor de serviços financeiros e seguros registou uma queda de 33% do volume de negócios em operações de M&A, correspondendo a uma queda de 59% no valor do negócio;
  • Impulsionados pela migração de clientes para os canais digitais durante a pandemia, muitas FinTechs beneficiaram de um aumento na procura. Soluções tecnológicas abrem novas oportunidades para investidores estrangeiros, como os fundos de private equity e os grandes players de tecnologia;
  • A atividade relacionada com ativos desvalorizados aumentará à medida que clientes e investimentos na economia real enfrentam os seus desafios de liquidez;
  • Aparecimento de oportunidades relacionadas com a qualidade dos ativos e NPLs, à medida que começam a surgir em certos subsetores;
  • Em breve, todas as negociações serão analisadas de acordo com os parâmetros ESG. Os fundos de private equity e empresas vão precisar de incorporar os valores ESG em todas as transações, a fim de evitar impactos operacionais;
  • Para 2022, os esquemas Golden Visa e NHR vão alterar os seus critérios com vista a promover o desenvolvimento imobiliário das regiões do interior. Portugal deverá continuar a registar uma das maiores subidas de preços no imobiliário de entre os países europeus;
  • Entre abril de 2020 e março de 2021, o TMT superou o mercado, com o valor dos negócios com um aumento de 40%, apesar de uma quebra no volume de 17%. A atividade consistiu principalmente na revolução digital no local de trabalho, o crescimento do comércio eletrónico e a expansão dos conglomerados de media para plataformas de streaming;
  • As moratórias serão provavelmente mantidas por um período considerável e gradualmente reduzidas;
  • À medida que avança o abrandamento gradual das medidas de contenção, é ainda inegável que o ambiente de incerteza possa continuar a travar muitas operações de M&A;
  • O volume de negócios de M&A registado entre abril de 2020 e março de 2021 no segmento de infraestrutura atingiu 75% e aumentou 19% em valor agregado em relação ao ano inteiro de 2019;
  • Com as prioridades reorientadas para as necessárias reformas estruturais, assim como para a absorção de fundos da UE, o investimento estrangeiro deverá seguir-se e as exportações responderão positivamente (ver quadro em baixo);
  • O volume de negócios aumentou 40% no segmento farmacêutico, parafarmacêutico e de cosméticos entre abril de 2020 e março de 2021, refletindo-se num aumento de 662% em valor agregado em relação ao ano inteiro de 2019.

 

 Texto: ECO

09/12/2021

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