Captação de Capital – O Desafio das Startups

Captação de Capital

Captação de Capital – O Desafio das Startups

Captar capital para um novo projeto ou startup não é uma tarefa fácil: é um processo longo e exigente. Apesar da convicção do empreendedor e da consciência de que o seu negócio ou ideia de negócio tem potencial, torna-se uma tarefa hercúlea mostrar a investidores que o seu Projeto é merecedor de financiamento.

Apesar das startups, por vezes, também poderem ser financiadas com recurso a incentivos públicos, crowdfunding, ou até pequenos financiamentos bancários (p.ex. linha ADN startup), a procura de investidores privados/sociedades de investimento continua a ser a opção dominante e mais ajustada para a maioria dos casos.

“Equity é uma das formas mais procuradas de financiamento para empreendedores, apesar de ser seguramente a menos disponível. Simplificando, há muito poucos investidores que têm um cheque para assinar e há milhares de empreendedores com ideias para financiar. É um problema do lado da oferta de financiamento”. Will Schroter

A verdade é que, apesar das dificuldades, muitas startups têm conseguido levantar financiamento, todos os anos.  Algumas destas startups são portuguesas ou, pelo menos, fundadas por portugueses.

Entre 2012 e 2017, a área tecnológica em Portugal conseguiu captar € 185 milhões de financiamento, o que demonstra também a afirmação do nosso ecossistema empreendedor, gerador de ideias de negócio inovadoras. Nestes números não estão incluídos, por exemplo, os $360 milhões levantados pela Outsystems ou os $900 milhões captados pela Farfetch aquando da entrada na bolsa americana.

Segundo o Relatório ScaleUp Portugal, apresentado recentemente, as tecnologias de informação e comunicação são as que reúnem a maioria do investimento (40%), sendo que 70% a 80% do capital angariado pelas empresas portuguesas é capital de risco. A maioria desse investimento (72,6%) continua a vir do estrangeiro, com destaque para os Estados Unidos e  Reino Unido.

Para além das empresas que se notabilizaram por se terem tornado unicórnios, isto é, cujo valor de avaliação superou os €1000 milhões – Farfetch, Outsystems e Talkdesk existem outros exemplos elucidativos do sucesso na captação de capital: Infraspeak, HUUB, Venian, Uniplaces, Feedzai e Unbabel , apenas para citar algumas.

Tipologias de Investimento em Startups:

O investimento em startups tende a ser faseado, dividido por várias rondas de investimento, que permitem acompanhar o crescimento da empresa e mitigar o risco dos investidores. Abaixo deixamos os vários tipos de investimento:

  1. Pré-seed: refere-se ao primeiro estágio de desenvolvimento das startups, no qual os fundadores arrancam com os projetos, tendo necessidade de financiar, um conjunto de pequenos investimentos/gastos como as construções de protótipos ou provas de conceito. Nesta fase, os maiores financiadores tendem a ser os próprios empreendedores.
  2. Seed: é o primeiro capital que o investidor consegue captar, sendo muitas investido na corporização na ideia num negócio: desenvolvimento de produto e estudo do mercado.
  3. Série A: com algum track record e indicadores de performance (KPI) para mostrar, as startups optam por investimentos da serie A quando precisam de escalar o negócio – alargar a oferta de produtos ou a presença em novos mercados. Neste estágio de desenvolvimento é esperado que os empreendedores já tenham o modelo de negócios aprimorado, assim como um business plan alinhado com o potencial do negócio. Mais do que mostrar que a ideia de negócio é boa, os investidores querem que lhes seja demonstrado que essa mesma ideia é a base de um negócio promissor. Nesta fase, os valores típicos de investimento estão no intervalo entre $2 milhões e $ 10 milhões, que vêm de sociedades de investimento Venture Capital ou Departamentos de Corporate Venture Capital.
  4. Série B: este tipo de rondas de financiamento permite levar as empresas para outra dimensão, possibilitando financiar o crescimento da empresa, designadamente a contratação de pessoas. Estima-se que este tipo de rondas de investimento se situe no intervalo entre os $7 e os 10 milhões.
  5. Série C: empresas que procuram este tipo de rondas de financiamento mostram um desempenho robusto: crescimento sustentado, expansão em diferentes mercados, aquisição de outras empresas ou desenvolvimento de novas soluções para os clientes. Nesta fase, as empresas podem perfeitamente estar à procura de um novo investimento que aumente o seu valor de avaliação, tendo em vista uma aquisição ou uma Oferta Pública Inicial (IPO). Nesta fase, as startups captam valores superiores a $20 milhões. Este tipo de investimento pode já perfeitamente ser feito por sociedades de Investimento Venture Capital later-stage ou até fundos de private equity.
  6. Séries D e E: a maioria das startups apenas beneficia de rondas de investimento das series A, B e C, todavia, em alguns casos há necessidades de rondas adicionais, antes de uma entrada no mercado de capitais.

 

 Rafael Freitas | Gestor HMBO

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